Um dia destes, vou vestir a minha roupa mais gasta pelo tempo e vou procurar-te. Vou atravessar as fronteiras que nos separam com um sorriso nos lábios, por sentir-me cada vez mais próxima de ti. E sei que o reencontro será inesperado mas perfeito, e que correrei para os teus braços pedindo desculpa por tudo que fiz e disse. Acho que o beijo que me darás, será um beijo de 'Boas Vindas' e um pedido de 'Nunca mais me deixes'. A tua expressão de espanto dirige-se nas minhas roupas.

- Porque estás assim vestida?

- Não precisas ser simpático, diz logo que são feias e me ficam mal...

- Não, o caso não é esse... Tu é que nunca saírias à rua nesse estado esfarrapado e sem cor.

- Achas? Não estou assim vestida porque me apeteceu ...

- Então, porque foi?

- Como sabia que ao ver-te tudo o que senti estes tempos desapareceria, quiz mostrar-te de outra maneira os tempos de guerra que passei.

- Não estou a perceber.

- Eu queria quer percebesses como foi complicado e doloroso não estar perto de ti nem fazer parte da tua vida. Ao olhares para a minha roupa, reparas-te de imediato no estado péssimo delas. Sem cor nem vida, rasgadas pelas feridas do tempo. Assim foram os meus tempos longe de ti. Tentei combater contra estas feridas várias vezes, mas de cada vez que tocava nelas, doía ainda mais. Eu já não tinha vida, andava por andar, quando o fazia.

- Não fazia a miníma ideia de que tinhas sofrido tanto por minha causa. E já que te referes a isso, e para não seres o centro das atenções todas, eu também sofri e também passei por tempos muito complicados, Jú.

- Pois. Parece que ambos tivemos a nossa dose. Não quero mais sofrer por ti, ou ficas comigo, ou arraca-me tudo que sinto por ti com as tuas próprias mãos. Caso contrário, não te conseguirei esquecer...

- E achas que não quero que fiques a meu lado?

- Se calhar não tanto como eu.

- Enganas-te parvinha da minha vida...

Como eu queria uma conversa destas contigo... talvez um dia! Sempre foste o meu único amor, 77